quarta-feira, fevereiro 22, 2012

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Juntando os trapos... é Carnaval!

Carnaval! Pois é... rola por aí um monte de questionamento. Comemorar o quê? A despeito das desgraças do cotidiano, não negarei-me o direito à alegria. Tem muita merda rolando por aí, com certeza. Muita podridão com o plano de fundo do carnaval. Passo o ano pondo dedos nessas feridas. Reservo-me quatro dias de descanso... Justo e de direito. Porém, nem tudo são flores.

Esse ano meu carnaval vai ser um tanto diferente do que fora nos últimos cinco (anos). No corrente, NADA DE TOCAR. O Arlequim foi concebido num momento pré-folia, pelos idos de janeiro de 2006. Nasceu do desejo de se apresentar num ambiente clássico da festa de momo de Cajazeiras, a PRAÇA DO ROCK. O desejo de partir mundo afora sempre existiu, mas como a prudência faz parte do planejamento da banda, o primeiro passo tinha de ser a praça. Não é a estrutura, que deixa DEMAIS A DESEJAR, sempre deixou. O embalo é a magia de uma Woodstock da caatinga, um refúgio de consciências alteradas da sociedade. Durante todos os anos de Praça (e já se vão para mais de 10 edições), não só admiradores e militantes do movimento frequentam o espaço, mas toda e qualquer pessoa sedenta de um "retiro" diferente dos padrões de "retiro". Nada de mãozinha pra cima e, de forma carismática, cantar a esperança da vida pós-partida, passagem, caminhada, fim, juízo final ou qualquer alcunha que se caracterize como morte. Nada contra quem vá, pelo contrário. Pero, vou de boa música, atitude, festa e celebração. Exageros existem aos montes, mas o que cargas d'águas seria o carnaval sem excessos? Epa! Não falo de excessos de barrar a vida, mas de extravasos pessoais de soltar angústias presas ao longo de cada jornada que se inicia, fazendo alusão à idéia de que o ano "estréia" após a tal 'festa do povo'. Pena que comigo isso deixou de ser verdade há muito tempo... Mas não vem ao caso.

Tudo isso pra dizer da magia que é o carnaval e a Praça do Rock para este que vos fala. Em 6 anos de banda passei por estruturas de evento 10 vezes melhor que a Praça. Mas, não é disso que falo. A referência que tenho em banda sempre foi a Praça, não desmerecendo qualquer outro evento, de suma importância em seu contexto. Sabe a pessoa que sai de casa, em pleno Alto Sertão Paraibano, dizendo "hoje vou extravasar na praça do rock, e olhe que é só o começo, hoje ainda é sábado"??? Pois é, é disso que falo. E essa é a ótica do folião. Pra quem toca (mesmo horrivelmente como eu) isso é ainda mais significativo. Juntar equipamento, polir o baixo, trocar a bateria de 9 volts da captação ativa, rever letras, a ansiedade, reuniões, ensaios preparatórios, o(s) velho(s) gole(s) de bebida antes de subir ao palco, os amigos e as amigas presentes prestigiando e interagindo conosco. É disso que sentirei falta esse ano, já sinto há alguns dias.

Não iremos nos apresentar. Imprevistos rolaram para tanto. Amanhã embarco no navio pra Cajá City com uns 30 quilos a menos. 30 quilos a menos de alegria por não tocar. Mas como o carnaval não pára (jamais deveria), não encostarei as nádegas na rede. Rose, meu amor, amigos/as, chego já. Vamos pra folia...


PS - Na medida do possível apareço pela Praça pra prestigiar as bandas... Praça do Frevo também. E o cafuçu, claro. Vai ser legal. Necessito...

Alegria, tristeza, alegria, tristeza... uma parada dialética...


quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Calcinhas a meio mastro... Morreu Wando

Corriqueiramente utilizo uma frase do Wando pra expôr que a luta de resistência ao período militar NÃO FOI algo que envolveu toda a sociedade tupiniquim. Não mesmo. E não é pura e simplesmente um compromisso ou aliança com os militares. Não mesmo. A sociedade não era divida em dois segmentos, em direita ou esquerda. O povão estava cagando e andando, nada diferente dos dias atuais. Se você pensa que tem o mote para descascar a jurema em cima dele - do povão, escuta (risos) o que o Wando disse, algo do tipo:

"Quando vi aquela passeata dos Cem Mil contra a ditadura, imaginei ser uma procissão para algum santo. Trabalhava 16 horas como caixeiro feirante. Passaram na nossa frente."

Pois é, quem disse que o Wando não pode deixar um conceito sociológico?!

Minha singela homenagem a um dos grandes cantores/compositores da música POPULAR brasileira, falecido há pouco.



sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Pré-devaneio e blues...


(Se você não acionou o play, por favor o faça!)

Som que não suga a alma. Pelo contrário, a desnuda. Se tem algo que move o vetor interior-exterior esse algo é o BLUES. Na solidão das noites sem graça, sem o convívio do amor em suas mais diversas nuances, o blues acalanta a dor. Mesmo aqueles que se furtam do convívio social por pura opção (fenômeno que me foi apresentado há um tempo não ido), utilizam-se dele - do blues - para trazer seu mais profundo "eu" à companhia. Mergulhar em suas águas apresenta-nos o "eu" que, às vezes não conhecemos, às vezes mentimos que não.

O blues tradicional provoca isso talvez pela situação de negação ao todo exterior, característica de seu nicho social, seja nas fazendas de gado do Delta do Mississípi, ou na posterior Chicago suburbana, ambas situações de miséria material e histórica. Eram os "States" no início do século "xis-xis". Nada de mudança substancial. Os dias de hoje preconizam um seculorum, posto que situações psicossociais são agravadas com a radicalização do monstro sisti. Tudo isso é motivo de sobra ao baile da dor. Pero, não quero me ater ao vetor oposto, do exterior-interior. Isso vai num próximo post, dos walls que a vida nos impõe.

Tal apresentação de velhos amigos que o blues proporciona, do ser versão atual com seu interior é inspiradora. Por vezes perigosa, mas inspiradora. O bate-papo nem sempre é descontraído. Olhos são umedecidos a depender dos devaneios. As descobertas e suas reações podem não ser das mais auspiciosas. Gestos tresloucados até que pintam, uns suaves, outros nem tanto. É um momento necessário de hibernação, pelo menos pra mim. Pode parecer sinal de fraqueza ou coisa afim. Mesmo assim saio fortalecido d'alma. Me conhecer por dentro é pressuposto indispensável pra conhecer e agir lá fora. Os acordes e pentatônicas melodiosas, a repetição do quadrado no braço da guitarra (pode ser do violão, no problem), o feeling do bluesman, sua emoção posta à mesa... O conjunto disso é trilha sonora do diálogo anunciado. Melhor à caráter não poderia ser.

Estabelecendo a clara diferença entre loucura e "porra-louquice", um pouco daquela - da loucura - não faz mal a ninguém. E viva ao blues!

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Victor "Lennon" Jara

Acabo de achar no YouTube (enquanto a merda da indústria não fode com tudo). Uma das maiores sacadas que vi. De fato, o sonho ainda não acabou... Por vezes - na maioria - o que se esgota é a capacidade de sonhar, de crer em suas utopias. Nas palavras de Gilberto Álvares, "porque ainda não abri mão do sonho". Concordo em gênero, número e grau. Julgo necessário a apropriação dos "enlatados" produzidos por esse biltre sistema (favor não vir com gracinhas soviéticas), que sirvam pra alguma coisa e seguirmos em frente com a vida, orientando lares e mundo. Precisamos de anonymous o tempo inteiro.

O vídeo une Victor Jara e John Lennon. Duas figuras, cada um ao seu estilo e modus vivendi/operandi, que enobrecem e sensibilizam às causas perdidas pelo desgaste do tempo, por vezes cruel. Dedico aos amigos/as da Rede de Educação Cidadã (RECID) e aos/ás filósofos/as dos bares da vida. A arte, a cultura, as tradições, o convívio, são maneiras de compartilhamento da vida e superação de limites. Ótima sensação estranha de negação ao só nas utopias...





Manifiesto
(Victor Jara)

Yo no canto por cantar 
ni por tener buena voz, 
canto porque la guitarra 
tiene sentido y razón. 

Tiene corazón de tierra 
y alas de palomita, 
es como el agua bendita 
santigua glorias y penas. 

Aquí se encajó mi canto 
como dijera Violeta 
guitarra trabajadora 
con olor a primavera. 

Que no es guitarra de ricos 
ni cosa que se parezca 
mi canto es de los andamios 
para alcanzar las estrellas, 
que el canto tiene sentido 
cuando palpita en las venas 
del que morirá cantando 
las verdades verdaderas, 
no las lisonjas fugaces 
ni las famas extranjeras 
sino el canto de una lonja 
hasta el fondo de la tierra. 

Ahí donde llega todo 
y donde todo comienza 
canto que ha sido valiente 
siempre será canción nueva. 


PS - Soaria sacanagem pôr a letra de Imagine, né?!?!