sexta-feira, abril 20, 2012

Idas e vindas... momento ida...

O poema, embalado por um som mais que agradável, fala por si.



Enquanto Eu Puder Ver a Luz
(Long As I Can See The Light)
composição: John Fogerty


Coloque uma vela na janela
Pois eu sinto que devo ir
Apesar de estar indo embora
Eu voltarei logo para casa
Enquanto eu puder ver a luz
Arrume minha mochila e vamos andando
Pois estou destinado a vagar por um tempo
Quando eu tiver partido, você não terá que se preocupar por muito tempo
Enquanto eu puder ver a luz

Acho que tenho aquele velho espírito aventureiro
Pois este sentimento não me deixa em paz
Mas eu não vou perder meu caminho, não
Enquanto eu puder ver a luz

Sim! Sim! Sim! Oh, sim!

Coloque uma vela na janela
Pois eu sinto que devo ir
Apesar de estar indo embora
Eu voltarei logo para casa

Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz

quarta-feira, abril 18, 2012

Dois países num só

Daquelas coisas que se aplaude de pé. Nada relacionado ao acaso da separação ideológica. Por vezes - e muitas vezes - a arte cerra tal fileira. O resultado? A beleza exposta. Só isso. Ideologia? Carrego a minha comigo, claro, como não?! Contudo , se revela interessante a junção de dois mundos musicais (e seus respectivos públicos). Favorece-nos o debate acerca da mesma gleba onde estamos metidos.

O astuto traz à tona a história do mainstraim. Concordo. Pero, o objetivo do post é simbolizar algo maior, são suas diferentes construções poéticas, e o reflexo delas em seus respectivos públicos. Principalmente sobre uma questão historicamente implantada na opinião dita cult sobre as canções de "cunho popular", mais ligadas ao Roberto. Gostei.

terça-feira, abril 03, 2012

Too Numb

Tinha de deixar passar uns dias. Mesmo a preciosidade da emoção imediata, das impressões calorosas, pensei não ser aquele o melhor momento de escrever.

Passar para o papel aquilo que se sente com intensidade é tarefa das mais inglórias, para não dizer impossível. Qualquer coisa que digo e com certeza direi sobre o presenciado na noite do dia 29/03 não será sequer a sombra do que ocorreu, de fato, no Engenhão, Rio de Janeiro. Sabe suas idéias postas num palco com imagem, som e movimento? Quando essa tríade é feita sob enredo, direção artística, produção e alta tecnologia projetada numa tela de dezenas de metros quadrados? Quando tudo isso está a serviço de uma causa ou um amontoado delas?

Isso é The Wall. Uma história com mais de 30 anos de gênese. A monstruosidade do espetáculo é diretamente proporcional a(s) mensagem(ns) carregadas consigo. O humano é posto a prova durante mais de 2 horas. Uma constante paulada em nosso ego e no que fomos/somos capazes de fazer e não fazer. Meus olhos nunca estiveram diante de algo tão intenso de significado quanto nesta noite. Seu nicho, seu trabalho pensado em forma de ação, atitude. Seus problemas internos, sua susceptibilidade ao sofrimento. A capacidade que isto te dá de isolar-se e desistir do mundo, das pessoas, das idéias... Um olhar da vida enquanto trajetória pensada, montada e guiada por um conjunto de rótulos e valores.

Em algumas ocasiões fui abordado por me sacrificar tanto para estar num show, vendo um cara tocar. É muita idolatria a uma pessoa. Não. Não. Não. Não é a pessoa, o rock, o superego de ir. Nada disso. Fui lá renovar minhas "insanidades", meu senso crítico de não continuar me curvando a isto ou aquilo que nos é posto conforme a conveniência de alguns. Fui perceber que não é motivo de vergonha "tremer de indignação perante as injustiças do mundo" (Che). Que não se deve calar perante a barbárie e a total falta de limites de consumo deste mundo doente na carne. Fui "sujar" o para-brisa para depois limpá-lo. Enfim, não é o show ou o espetáculo. FUI AO MEU PRÓPRIO ENCONTRO. O quão dolorosamente confortante foi me enxergar ali. O silêncio e as caras da multidão saindo depois do show entrega tal perspectiva. Já depois de sair do estádio, do trem, na estação do metrô, Comfortably Numb ecoava em som ambiente, levantando coro, emocionando a todos e todas. Foi a arrepiada final.

O The Wall traz minha própria história. Ajudou-me muito em minha postura nessa sociedade (há séculos fadada ao fracasso), quando o descobri há mais de 10 anos. De lá pra cá passei por suas 4 fases, digamos assim. Ouvi o disco, assisti o filme e o show Live in Berlim. Finalmente, assisti o show presencialmente. Mesmo colaborando com minha formação, nada das outras fases se compara com o que tive defronte os olhos naquela noite. Pessoas e lugares navegaram pela memória. Via-me na primeira vez que montamos Comfortably Numb no Arlequim pelos idos de 2006, a cara de felicidade do Paccelli solando na praça do Rock. As longuíssimas conversas que tivemos sobre o espetáculo como um todo. A louca idéia (não esquecida) de montar uma versão bem brasileira para o The Wall. Os planos de ver este mesmo show em Lisboa, quando do lançamento da turnê. Meses depois Paccelli nos deixaria. Com certeza também fui por ele, foi para ele. O velho estava lá conosco, junto a outros/as tantos/as pessoas caras que compartilham de similares sensações.

Termino com o que disse para Laurita Dias, tão "bulida" quanto eu ao final do show: PSICANÁLISE TOTAL...

Obrigado, Waters. Seu muro foi um espelho. Vida e morte refletidas, olhos encharcados, soluços afins...


































Créditos das fotos: Lays Tamara e Laurita Dias