A ansiedade tomava conta. Pudera, não era um dia (e noite) qualquer.
Tentando não se afobar para não estragar a apresentação, encarávamos
como mais um show de tantos que já rolaram ao longo dos 6 anos de highway. Mas,
com certeza, não era um dia (e noite) qualquer. Um encontro que demorou
6 anos pra rolar. Sempre imaginamos que quando em algum dia isso
acontecesse seríamos os novatos da parada. Dividir palco com o
Apocalipse (em respeito aos velhos tempos, recuso-me a chamar de
CONSPIRAÇÃO APOCALIPSE) era um sonho próximo, mas de distante efetivação
visto que os caras tavam parados desde 2005, antes do Arlequim existir.
A imaginação me tomava de assalto e fazia-me pensar em diversas
conjecturas, de como seria isso. Talvez a que nunca me passava era a de
que Paccelli não estaria presente (fisicamente, pelo menos). Restou-me saber que se um isso ocorresse a coisa não seria do jeito que deveria ser. Paccelli é essência nesse processo todo.
Pois bem,
os anos se passaram, essas ideias não mais me assaltavam. As
impossiblidades enfraquecem algumas vontades. Eis
que há pouco mais de um mês o Naldinho Braga nos convidara para
uma apresentação no NEC, junto a uma banda
que divide o set de ensaios conosco, o Cofe of Life. De imediata aceitação, nunca
que imaginaria o que estaria por vir. Pois não é que alguns dias depois
o dito Naldinho confirma que o APOCALIPSE VOLTARIA AOS PALCOS PARA A
DITA NOITE NO NEC. Por um momento não acreditei, incréu que sou.
Passados uns dias vi que a coisa tava tomando forma. Todos se animaram,
óbvio. No Arlequim, a gente começou a trabalhar a mente, evitando o que
disse acima. Geverson e eu dizíamos que era um ensaio (heresia), que
ficássemos relax. Conversando com integrantes do Core, empolgação total
deles. Repertório ensaiado, apresentações anteriores executadas a contento,
tranquilo. Tava montado e nada de inventar qualquer coisa que
pudesse comprometer. Vontade não faltava, pois a noite era espacial,
mais que as outras, poderia estar incrementada com adereços musicais afins.
Sobre o que falava acima, daquela
ideia de banda mais nova que acompanharia os dinossauros do Apocalipse,
mais uma surpresa e constatação de um fato novo. JÁ TEMOS ESTRADA PRA
DIZER QUE SOMOS PUTAS VELHAS. Pois é, o vigor do Core of Life e da
galera que acompanha seus shows já haviam me mostrado isso. Mas com o
caráter da divulgação, a coisa se tornou bastante latente pra mim. Isso é
bom. A cena rocker tá se renovando, novos atores e novas atrizes vão
surgindo, engrandecendo o movimento. A pretensão da exclusividade passa
longe de nossa trupe.
O sentimento juvenil da
admiração e do respeito perante os senhores que vi tocar se manifestou
fortemente. Os caras do Apocalipse tavam com a bola toda, viris como nos
velhos tempos. Pular ao som do Apocal foi uma necessária volta ao
tempo, com os pés no presente. Enxergar que essas canções, que me são
muito caras por estarem impregnadas em minha construção pessoal, estão a cada dia
mais pertinentes, me dá forças pra também seguir em frente com esse tal
de Rock'n'Roll, parafraseando a Rita Lee. Foi uma ótima sensação
estranha.
Os 3 shows foram do caralho. Não existe
expressão melhor pra defini-la. Foi foda! O show do Core of Life foi pra
se lascar. Não me surpreendi, pois os caras mandam
bem. O repertório, bem executado, é matador. Só clássicos do Hard Rock /
Heavy Metal. Foda pra caralho.
Evitando advogar em
causa própria, atrevo-me a dizer que gostei de nossa apresentação. O público nos recepcionou muito bem, pularam e
se divertiram. As mensagens em algumas canções foram transmitidas com a
energia que mereciam, fazendo lembrar que, a despeito da diversão, o
mundo continua uma merda. Essa é a proposta do Arlequim e continuará
sendo no que depender dos caras que sustentam essa "diversão
trabalhosa".
Pois é, foi uma noite e tanto. Nostálgica, atual e bastante pertinente. Como dissemos no Arlequim, "história e presente se juntaram pra brindar"...
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