sexta-feira, maio 31, 2013

O mal que habita em mim [reeditado]


A vida, para mim, se torna algo mais interessante quando não a reduzimos ao fatalístico "bem-mal". São muitos os sabores e dissabores que cotidianamente provamos, exercendo o exercício da escolha ou não. A beleza que é poder sentir os calços e percalços de nossa história individual e coletiva são muito caras para se curvar diante de uma dualidade paralela que nos reduz a vermes cumpridores de ordens, sem criatividade, sem questionamentos, sem o benefício da utopia transformadora. É um atentado àquilo que a própria natureza - respeitando religiosidades - nos brindou.

Nos dias de hoje, se percebe uma incessante busca à paz. Até aí, tudo bem. Quem não a quer? Poder usufruir uma vida sem guerras, sofrimento, entregas. E aí é que a coisa complica. Antes de discorrer, quero dizer que a paz da qual falo não é o céu ou outro plano transcendental que ultrapasse os limites da estratosfera. Falo daqui mesmo, desse mundo chinfrin, o qual ao meu ver é o único que temos "garantido", e se verdadeiramente temos todo aquele sentimento de pertença para com o ele, englobando tudo o que nele habita, de xerófilas à baratas, de palmeiras à pessoas, de familiares à desconhecidos das Ilhas Canárias, que nos engajemos às pluralidades de lutas para sua redenção. Não creio que isso signifique postar alguma frase pré-fabricada de rede social, que sequer a autoria se sabe (quando não a mente), e com uma benevolência que deixaria Cristo, Buda, Ghandi, Bastet, todos em plano intermediário, e, no cotidiano da vida, "na rua", vivenciar um inútil ócio despolitizado/despolitizante, esquecendo o que os próprios disseram ou "compartilharam" no mundo virtual. Esse mesmo exemplo se aplica a igrejas, sindicatos, partidos, etc.

Claro que isso faz parte de uma visão de mundo, de perspectivas, de inquietudes. Outrossim, penso o quanto seria desnecessário "passar pela Terra" e não fazer "nada de futuro", sendo simples massa da euforia industrial e financeira. Pergunto para que viver num mundo do qual as transformações seriam impossíveis? Lembremo-nos que o estabilishment de hoje é fruto de transformações advindas ao longo da história, humana ou além dela. Eliminar a CONTRADIÇÃO e a DIALÉTICA existente é tapar todos os sóis do universo (descobertos ou não) com uma cerca de arame farpado. E isso os diversos poderes constituídos não medem esforços, inclusive e sobretudo o chamado "quarto poder", a mídia oligopolizada.

Publicada alternativamente, sob o título "O Bem que Habita o Mal", em: http://www.caldeiraodochico.com.br/categoria/colunas/diego-nogueira/

-- x --

Como somente sou um frequentador de tabernas em assuntos como psiqué, metafísica e universo paralelo e para não ter de bulir de forma direta com conceitos, científicos ou religiosos, deixo a canção que deu o pontapé inicial para as bazófias escritas até aqui.






"(...) É como um franco atirador
Atento ouvindo o rufo do tambor
A espera de alguém ou algo de valor
Com suas balas recheadas de amargor (...)"
(Marcelo Nova)